COBRANÇA, BRIGA E LESÃO
Dono de companhia, líder da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), músico de bandas famosas, policial, tenente, repórter, fiscal da Receita Federal, entre outras identidades. A lista de mentiras contadas ao longo da vida por Marcelo Nascimento da Rocha, o "Marcelo VIPs", garantiu a ele ser conhecido como um dos maiores golpistas do Brasil.
O paranaense, natural de Maringá, morreu nesta terça-feira (9), em Joinville (SC), vítima de uma cirrose hepática.
Na biografia intitulada "Vips: Histórias reais de um mentiroso", escrita por Mariana Caltabiano, Marcelo contou que começou a aplicar golpes nas pessoas aos 14 anos de idade e que trabalhou como piloto para o narcotráfico aos 18.
Ainda conforme a publicação, fingiu ser policial quando tinha 16 anos para conseguir viajar ao balneário de Ipanema, em Pontal do Paraná. Lá, realizou uma prisão e abordagens até ser desmascarado por outro policial.
Para ir a um festival de dança em Joinville (SC), Marcelo se apresentou como repórter de televisão - dizendo o nome de um canal verdadeiro - e conseguiu uma credencial, aos 17 anos. Nesta oportunidade, ele disse ter entrevistado figuras da política e artistas. O personagem acabou quando a organização do evento percebeu as mentiras ao questioná-lo sobre a exibição das entrevistas.
Com a mesma idade, disse ser olheiro da seleção brasileira, em Curitiba. Frequentou festas e conversou com jogadores antes do dono do hotel em que ele estava hospedado ver que se tratava de um adolescente.
Nos últimos anos de vida, segundo o advogado Roberto Bona Junior, que era amigo de Marcelo e comunicou a morte, ele vivia um período de ressocialização como produtor de grandes artistas.
"[...] Fez muita coisa errada na vida, mas que soube aproveitar as novas chances e escrever outra história", relatou Roberto em uma rede social.
De acordo com a biografia de Marcelo, ele aprendeu a pilotar avião enquanto observava os pilotos e participava de alguns voos - depois de insistir para viajar junto. Com 18 anos, começou a fazer os voos em Foz do Iguaçu para transportar produtos ilegais e também realizou narcotráfico.
PRIMEIRA PRISÃO - A primeira vez que foi preso por falsidade ideológica, estava fingindo ser o guitarrista da banda Engenheiros do Hawaii, em Balneário Camboriú (SC). Ele tirou fotos para colunas sociais e se apresentou como músico, mas foi flagrado e levado à delegacia.
Depois da cadeia, aprendeu a aplicar um golpe em que fingia ser fiscal da Receita Federal e começou a enganar pessoas com a falsa promessa de venda de produtos apreendidos.
Com 25 anos, foi preso - e depois liberado - por transportar cocaína no avião. Pouco tempo depois, quis participar de uma festa e enganou a organização dizendo ser filho do dono de uma companhia aérea.
No evento, deu entrevistas e se apresentou com a falsa identidade. Para compor o personagem, levou seguranças. A conversa foi transmitida na televisão. Marcelo foi preso no aeroporto, quando um policial federal desconfiou da identidade dele.
OUTRAS IDENTIDADE, FUGA DA CADEIA E FILME - O livro cita que, enquanto esteve preso no Complexo Penal de Bangu em 2002, assumiu a posição de líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), mesmo sem estar envolvido com o grupo criminoso. Fez isso para controlar uma rebelião. Um tempo depois, fugiu da cadeia pela rede de esgoto.
Em 2010, foi lançado o filme baseado na ficha criminal de Marcelo. O ator escolhido para viver ele nas telas foi Wagner Moura.
No livro de 2005, a mãe de Marcelo foi entrevistada e contou que a família "perdeu o controle" sobre ele após se mudarem para Curitiba, quando ele tinha oito anos de idade.
ÚLTIMA PRISÃO - Em 2014, somava 33 anos de prisão por associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica. À época, ele havia sido preso em 12 estados diferentes e fugido nove vezes.
Marcelo foi preso em 2018, em Cuiabá (MT), durante a 2ª fase da Operação Regressus, acusado de fraude processual para a progressão de regime, apresentando atestados e certificados falsos. Ele foi liberado 40 dias após a prisão preventiva.
Segundo a autora do livro em uma publicação nas redes sociais, Marcelo cumpriu pena em regime fechado e semiaberto, totalizando 10 anos.
Marcelo estava ministrando cursos, se apresentando em palestras sobre persuasão e dava entrevistas sobre o que viveu, além de promover a biografia. (G1 Paraná).
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