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Pr. Pedro R. Artigas
Igreja Metodista
Era fim de tarde, e a cidade se enchia de luzes artificiais. Carros apressados, pessoas com fones de ouvido, vitrines piscando. No meio desse cenário tão comum, me veio à mente uma frase antiga, quase esquecida no corre-corre: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.”
João 1.14 não é apenas um versículo bonito para ser lido em cultos de Natal. É uma declaração que muda a forma como olhamos para o mundo. Deus não ficou distante, observando de longe nossas tentativas de acertar. Ele entrou na história, vestiu nossa pele, caminhou em nossas ruas, sentiu fome, sede, cansaço. O eterno se fez próximo.
Pense nisso: o Criador do universo decidiu experimentar o calor de um sol escaldante, o frio das madrugadas, o peso das lágrimas. Ele não veio como um fantasma, nem como uma ideia abstrata. Veio como gente. E isso muda tudo.
No cotidiano, quantas vezes nos sentimos sozinhos? No ônibus lotado, na fila do banco, no silêncio do quarto. Há momentos em que parece que ninguém entende o que carregamos. Mas a palavra de João nos lembra: há alguém que sabe. Jesus não apenas “sabe” por que é Deus; Ele sabe por que viveu. Ele conhece a dor da perda, a injustiça, o desprezo. Ele conhece a alegria de uma refeição compartilhada, o riso entre amigos, o alívio de uma oração respondida.
O Verbo se fez carne para mostrar que espiritualidade não é fuga da vida, mas mergulho nela. Não é sobre escapar do mundo, mas sobre viver nele com graça e verdade.
Graça: a capacidade de acolher, de perdoar, de abraçar sem exigir perfeição. Verdade: a coragem de não mascarar, de não fingir, de viver com integridade. Jesus trouxe os dois, e nos convida a viver assim também.
Na prática, isso significa que cada gesto simples pode ser sagrado. O café preparado de manhã para alguém da família. A paciência no trânsito. O sorriso oferecido ao caixa do supermercado. Se Deus se fez carne, então o divino pode se revelar nas pequenas coisas da carne: no toque, na palavra, no olhar.
Mas há também um desafio. Se Cristo habitou entre nós, não podemos viver como se Ele fosse apenas uma lembrança distante. Habitar é conviver, é estar presente. Ele continua habitando, agora em nós, por meio do Espírito. Isso nos chama a ser presença viva de graça e verdade no mundo.
Quando escolhemos a empatia em vez da indiferença, estamos refletindo o Verbo encarnado. Quando optamos pela honestidade em vez da mentira conveniente, estamos mostrando que a verdade ainda caminha entre nós.
João diz: “E vimos a sua glória.” Não era uma glória de palácios ou coroas de ouro. Era a glória de alguém que lavava pés, que abraçava crianças, que tocava leprosos. Uma glória que se revela na humildade.
Na vida diária, essa glória pode aparecer em gestos discretos. Uma mãe que acorda cedo para preparar o lanche do filho. Um jovem que decide não colar na prova. Um profissional que trata com respeito quem limpa o escritório. São reflexos da glória do Verbo que se fez carne.
Talvez o maior convite de João 1.14 seja este: deixar que a encarnação continue. Que Cristo se faça carne em nossas atitudes, em nossas escolhas, em nossa forma de amar. Que Ele habite em nós de tal maneira que outros possam dizer: “Ali está alguém cheio de graça e de verdade.”
No fim da tarde, enquanto as luzes da cidade piscavam, percebi que a palavra de João não é apenas memória. É presente. É chamado. É vida. O Verbo se fez carne — e continua se fazendo carne em cada gesto nosso que reflete a glória do Pai.
Deixe que Cristo habite em seu ser neste Natal, deixe a alegria da fé, do amor e paz de Cristo esteja com todos neste Natal. Feliz Natal. Shalom.
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